domingo, 17 de maio de 2009

Quanto vale um afogado

As terríveis enchentes em alguns estados do nordeste trouxeram à tona( e vale a expressão) um dos problemas mais sérios que atinge essa turma sem vergonha que habita o planeta terra. Drama está intimamente ligado à geografia. Quando Santa Catarina foi inundada, choveram demonstrações de solidariedade da turma do sul-maravilha. A poderosa emissora global e suas coadjuvantes martelavam a população com pedidos de ajuda. Quando a desgraça pintou no nordeste baixou a indiferença. Afinal, que importância tem um nordestino afogado. Só agora, passados mais de 40 dias do início das chuvas é que começa um ligeiro movimento de solidariedade.
Fica claro que um afogado sulista vale mais do que 100 afogados nordestinos. O meu filho, João Henrique, já tinha comentado que um americano morto causa mais lamentação do que mil árabes ou dez mil africanos. Infelizmente nós somos assim. E se trouxermos a história para âmbito regional, sabemos bem que um assassinado no Leblon causa muito mais consternação do que 10 mortos em Inhaúma. É assim que a gente- mídia/sociedade/governo - mede a importância das pessoas. É assim que vamos perdendo a chance de melhorar como pessoa.

2 comentários:

  1. Também por isso não quero perder a capacidade de me indignar, de lutar prá não permitir que a brutaliação me tome e me cegue à dor do outro. Quero a compaixão, a compreensão, estejamos falando ou olhando prá quem quer que seja. Isso também é um exercício cotidiano. bjs

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  2. E o que dizer dos muros projetados para cercar as favelas cariocas? Ao contrário das enchentes, cíclicas, essa realidade está aí, ao vivo e a cores - o gueto vai passar a ter altura e diâmetro. A gente se indigna com o muro que separa Israel da Palestina, e ensaia algum protesto quando assiste cenas que remetem àquele que separa o México dos EUA, mas fora algumas vozes isoladas não vi ainda nenhuma discussão, envolvendo bacanas e os nem tanto, sobre o tema.
    É isso aí. Bjs, Neli.

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