quinta-feira, 26 de março de 2009

A população de invisíveis

amiga de longos carnavais que um dia me chamou a atenção para as pessoas "invisíveis" que cruzam diariamente o nosso caminho. E quem são esses "invisíveis" que infestam o nosso cotidiano ? Eles estão espalhados por aí. É o porteiro do prédio, o ascensorista dos lugares que frequentamos, o vigilante do banco, o cobrador de ônibus, gente que cruza o nosso caminho mas que fazemos questão de não ver. A gente não sabe e nem quer saber se eles vivem bem ou mal, se sofrem dores no corpo ou se morrem de dores na alma.
Quando muito, damos um bom dia de uma forma tão seca que não permitimos que o interesse pelo ser humano se prolongue além do cumprimento.
Todos nós temos os nossos invisíveis embora o desejo de cada ser humano, inclusive o nosso, é de ser bem visível. Saímos de casa dispostos a chamar a atenção dos outros mas dificilmente prestamos atenção em alguém que não esteja vivendo dentro do nosso mundo. Um pouco de esforço para tentar ver um pouco daquela pessoa "invisível" talvez nos ajudasse a ser um pouco mais solidário com as pessoas que atravessam nossos caminhos e, quem sabe, tornasse a nossa sociedade um pouco melhor

segunda-feira, 23 de março de 2009

As amargas e perigosas balas de Copacabana

Ouvindo as notícias do tiroteio em Copacabana e Lagoa, o que mostra que o cerco está se fechando, eu penso: que vocação desgraçada tem o Rio para se auto-destruir. Como pode uma cidade, por mais maravilhosa que seja, resistir a Leonel Brizola, Moreira Franco, Garotinho, Rosinha, César Maia e Cezinha Maia, digo Eduardo Paes? A cada um deles no governo do estado ou prefeitura a cidade foi morrendo mais um pouco, se desumanizando, passando a ser maravilhosa apenas naquelas matérias babacas do RJ tevê de fim de tarde. É importante que a gente resista porque nem dá pra fugir daqui. As estradas estão péssimas, as barcas estão parando no meio da baía, o Sérgio Cabral não quer que a gente use o Santos Dumont e pra chegar ao Internacional tem que atravessar a sinistra Linha Vermelha. Ou seja, cada um que cave a sua trincheira porque as balas estão passando cada vez mais perto.

terça-feira, 17 de março de 2009

Os "olhos" de Léo

Quase todo mundo que me conhece, também conhece o Léo. Tal figura é um Lhasa Apso, extremamente bonito e afetuoso, qualidade aliás de quase todos os seus semelhantes. O problema é que Léo está ficando cego. A cada dia que passa enxerga cada vez menos, situação que me incomoda bastante mas certamente o incomoda muito mais. Ele não consegue mais ver seus amigos/desafetos com quem costuma cruzar nos passeios cotidianos, Cada vez que ele rosna para um desavisado tenho que explicar que ele não enxerga mais e reage instintivamente à presença dos colegas. Não gosto de ver a cara de pena das pessoas porque Léo tem se comportado de forma absolutamente digna. Tenta escolher seu caminho, por mais que não seja o melhor, e ainda corre com prazer. Às vezes penso se poderia ter feito mais para evitar que ele perdesse a visão e se aceitei muito fácil o diagnóstico de "irreversível".
Sei que agora eu sou e serei a cada dia, os novos olhos de Léo. Sou eu que terei de escolher os caminhos menos difíceis, evitar ar armadilhas cotidianamente jogadas no nosso caminho. Talvez nesse momento em que as pessoas mais próximas caminham cada vez mais com suas pernas e sem a necessidade da minha proteção e de meus conselhos, Léo passa a ser o alvo principal dos meus cuidados. Aquele que depende muito de mim. E ao contrário do que já aconteceu com tantas pessoas, sou humano, sou normal, espero não decepcioná-lo. E ser a luz que ele precisa para continuar enxergando no escuro.

domingo, 15 de março de 2009

O choque contra pobre

O chamado choque de ordem do novo(?) prefeito do Rio de Janeiro deveria se chamar "choque contra pobre". Afinal, a prefeitura só age quando sabe que os atingidos não tem poder de fogo para resposta. Então é fácil remover camelôs, sumir com sua mercadoria sem dar qualquer satisfação. Afinal, eles não tem quem lute por eles porque a classe média, ao mesmo tempo em que recorre constantemente aos seus préstimos para comprar bugigangas de toda a espécie, vira as costas para o fornecedor quando a barra fica pesada. Já vi guardas municipais "apreenderem frutas de um camelô" para ficar comendo dentro da Kombi. Acho que existem exageros no comércio de rua que precisam er contidos mas uma ação só é válida quando atinge a todos e não apenas uma parcela que não pode se defender, seja por desunião ou ignorância. E afinal, só vou começar a entender o choque de ordem quando os jogadores de frescobol e os mijões que poluem a cidade com sua má educação começarem a ser reprimidos. Até lá, não dá para levar nada a sério.

domingo, 8 de março de 2009

Falta de Educação

Costumo atravessar a cidade todo dia - De Laranjeiras e Inhaúma e de Inhaúma às Laranjeiras - há mais de três anos. Uso ônibus, metrô e eventuais caronas. E posso contar nos dedos as vezes em que ouvi as expressões "Por favor" e "obrigado" no meu trajeto. As pessoas estão cada vez mais ásperas no seu cotidiano. Cobrador de ônibus, então, é tratado como um sujeito absolutamente invisivel. Acho que não é por aí que se constrói uma cidade ou se melhora um país. O carioca cordial parece só existir para consumo dos telejornais globais. Quando as câmeras estão desligadas, cada um mostra a sua face. Cada vez menos preocupada com o destino/bem estar do outro.