segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Não põe corda no meu bloco

Nos bons tempos em que o semanário O Pasquim circulava, o cronista Paulo Francis escreveu que estava ao lado do povo politicamente mas que fisicamente queria distância. Adotei o lema porque multidões sempre me intimidaram. Deve ser por isso que eu abomino o Flamengo e a horda desvairada que o segue. E também deve ser por isso que detesto qualquer manifestação carnavalesca. Galo da Madrugada, por exemplo, só pela televisão e bem longe. Temo que aquela enchente humana se esparrame pela tela e acabe desabando na minha casa.
Por isso cada carnaval que se aproxima é um drama. Moro em um lugar que é frequentado por nove entre dez blocos que circulam pelo Rio de Janeiro. E como os blocos estão concentrados na zona sul, desagua gente de toda cidade para acompanhar a batucada. Quando a turma volta para casa deixa um rastro comparado ao de Átila, o rei dos hunos. É recipiente de lixo demolido a pontapés, cacos de garrafas de cerveja desafiando pés incautos, o direito de ir e vir inteiramente desrespeitado e uma montoeira de lixo que atesta a falta de educação dos nossos cidadãos.De todas as classes, lembro.
É por isso que eu quero preparar minha rota de fuga o quanto antes para evitar que os blocos me peguem. Pensei até, como último recurso, me incorporar a uma dessas vigílias religiosos, mas corro o risco de ser atropelado por um bloco de fanáticos mais nocivos do que os do carnaval. O pior é que o tempo está passando e acho que só vai me restar ma transferir para Inhaúma, subúrbio onde eu trabalho. Como até os inhaumetes vão procurar os blocos perto da minha casa, uma solução pode ser me abrigar no meio do complexo do alemão. Só existe o perigo de que de uma forma ou de outra, mesmo longe dos blocos, eu acabe dançando.

3 comentários:

  1. Fiquei imaginando sua situação, ja que vc esta dentro do carnaval. Pra mim, carnaval ou eu estou dentro, brincando muito, ou estou fora sem ouvir nem a musica.
    tenho uma sugestão: soube que o carnaval de Veneza é cheio de fantasias e máscaras, mas não tem música, como no Brasil.
    Que tal ir prá lá?
    Ro

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  2. Não precisa ir pra Veneza, embora a idéia seja bastante prazerosa, só que custa alguns muitos $$$$. Já sugeri e reforço aqui a sugestão: Brasília é tudo de bom pra quem quer fugir do carnaval. Tem desfile de escola de samba? Tem,sim senhor, mas na Ceilândia, para não perturbar os médios-classistas com os arremedos patéticos das escolas do RJ. Tem desfiles de bloco? Poucos, mas tem, em quadras e percursos predeterminados, para não atravancar o trânsito dos que por opção ou falta de grana ficam na cidade, e querem usufruir das vias livres, raras hoje em dia. Com essa descrição, Brasília é uma cidade chata e monótona? Claro que não, apenas para os que são chatos e monótonos de nascença. Pra ser quase perfeita, só uma praia. Mais perto, pelo menos. O "quase" fica por conta dos aventureiros que saem de seus redutos e vêm fazer suas negociatas por aqui.
    Então, peça licença aos bispos, ou faça como eu e apenas comunique, e venha descortinar novos horizontes. Bj da sister

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  3. Oie Carlos! Legal sua visita no bloguito! Concordo com o que você escreveu, nosso dia a dia contado no blog tem um quê de diário delicioso né?
    Seja muito bem vindo ao Meu Canto.
    Bjo bjo *Ü*

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