domingo, 28 de junho de 2009

Eles estão entre nós

Sempre acho meio estranho quando alguém critica os políticos como se a gente não tivesse nada com isso. Como se os Sarneys, Zédirceus, Renans, Garotinhos e cia, tivessem vindo de outro planeta para ocupar senados,câmaras e outros redutos do poder em nosso país. Eles são gente como a gente embora parte da gente nada a tenha a ver com eles. Essa turma é produto da nossa sociedade. Eles são vizinhos de alguém e este alguém um dia votou neles para vereador. Talvez pensando numa retribuição ou, quem sabe, com boa intenção. Esse vereador foi galgando posições e se transforma em isso que a gente vê refletida nas páginas dos jornais e nos noticiários da tevê.
Assim como nossos representantes da justiça(?), eles são produto da sociedade em que vivemos. Acho que o Brasil tem melhorado muito nos últimos anos em relação à ética e às cobranças sobre o comportamento dos parlamentares, mas vai ser preciso muito tempo para que se mude a cultura do povo.
Quando vejo meninos/as de 15/16 anos, cujos pais pagam mil pratas de mensalidade no Colégio Franco/Brasileiro, roubando chocolates nas Lojas Americanas como se fosse uma grande diversão, eu sempre penso que aquela garotada tem todo o potencial para se transformar num político ladrão ou num juiz desonesto. Tudo começa numa brincadeira na prateleira e acaba nos bolsos dos contribuintes. São nossos vizinhos, nossos parentes, talvez, gente que a gente conhece começando a trilhar o caminho que a gente bem sabe onde vai levar.

4 comentários:

  1. Oi, Carlinhos.
    Acho que vc tem toda a razão.
    Eu acrescentaria o papel que a mídia tem na formação destas novas gerações. Ex: quando eu vejo Faustão apresentando filminhos onde as pessoas são ridicularizadas em situações embaraçosas, crianças em especial, vejo que as pessoas estão aprendendo não que se deve ser solidário com quem esta em uma situação dificil, mas que o bom mesmo é rir dela, fazer pouco e contribuir para que aquilo aconteça mais. E assim vão se formando os novos cidadões de nosso mundo. Infelismente.
    Rosário

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  2. Essa é uma discussão interessante e importante. É curioso como a mídia se vê como uma entidade de outra galáxia. A postura desonesta dos políticos é relatada como se também fora da sociedade e do que somos todos nós. Os que escrevem aos jornais o fazem também como se não fizessem parte disso. O lado ruim, o equívoco, a desonestidade não parecem ter pais, são seres criados em laboratório. Sim, todos somos parte disso e, de alguma forma, responsáveis. E concordo com a Rosário...rir da desgraça alheia, ou do equívoco alheio, ou da falha alheia não é o melhor remédio. Embora rir seja sempre bom.

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  3. Bem que o Caetano já cantava que "o Narciso acha feio o que não é espelho". No caso, somos todos "Narcisos", já que costumamos rejeitar quem não se parece conosco, não é mesmo?
    Beijo da sister.

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  4. Acho que a minha mensagem ficou meio truncada, assim vou complementar: somos todos narcisos, porque escolhemos aqueles que se parecem conosco. Então, a tuto buona gente que aí está - aliás, continua - dando as cartas, tão só reflete o espelho mirado por uma parcela grande dos brasileiros. A propósito, "(...)Ao examinar os homens, não raro adivinhou que a coragem era temeridade; a prudência, uma poltronice; a generosidade, uma fraqueza; a justiça, um crime; a delicadeza, uma tolice; a probidade, uma conformação; e, por uma fatalidade singular, deu-se conta de que as pessoas realmente probas, delicadas, justas, generosas, prudentes e corajosas não mereciam a menor consideração entre os homens".
    Trecho de um conto, escrito por Honoré de Balzac, em 1830. Mais atual, impossível. Que o digam Paulo Lacerda, Protógenes Queiroz, De Sanctis, e outros poucos.
    Bj da sister.

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